Quem vive em Salvador sente na pele (e no bolso) os efeitos de uma gestão que parece ter trocado planejamento por repressão. A avalanche de 357 mil multas no trânsito no primeiro semestre de 2025 é apenas a ponta do iceberg de um modelo que prioriza punições em detrimento da mobilidade urbana de qualidade.
Enquanto os radares disparam como metralhadoras invisíveis, a prefeitura avança também sobre outros meios de locomoção. As novas regras para patinetes e bicicletas elétricas impõem uma série de restrições, com multas até para quem ultrapassar 6 km/h em calçadas. A cidade que mal tem ciclovias passa agora a punir quem tenta se deslocar de forma alternativa.
E não para por aí. As praias, antes símbolo da liberdade baiana, estão prestes a ser sufocadas por regras absurdas. Um projeto de lei quer proibir caixas de som, com multas que podem chegar a R$ 15 mil. Uma medida que atinge diretamente trabalhadores informais, ambulantes e a juventude que transforma o litoral em espaço de cultura e convivência.
As campanhas educativas, que deveriam prevenir infrações e promover um trânsito mais humano, foram substituídas por armadilhas financeiras. A prefeitura distribui radares, mas não corrige problemas de sinalização. Multa quem anda de patinete, mas não oferece ciclovias. Penaliza o som na praia, mas ignora o caos urbano nas comunidades.
A gestão que um dia prometeu inovação e mobilidade inteligente virou sinônimo de punição. Salvador precisa de soluções, não de fiscais em cada esquina.